Divórcio…

Agora sobre o divórcio. O luto, quando assim é, da zanga. Terapeuticamente o mai difícil de trabalhar: uma criança a dizer “tratem deles!”, um adulto certo do que pensa e sente e acredita querendo fazer o técnico acreditar. É legítimo, sim. É a verdade de cada um. E há depois a verdade dos filhos. E dos filhos que vão crescer. E a necessidade de os ajudar a crescer na e com a realidade, que possivelmente não poderemos alterar.
Ser um bom terapeuta é isto, se calhar: ver a verdade de cada um sem nos preocuparmos com o que é verdade; ouvir sempre e de novo a criança/jovem, garantir que há um lugar que é dela e merece ter espaço; não ter a ilusão de que mudaremos adultos (pode ser difícil, não porque são difíceis, mas têm coisas difíceis de digerir dentro deles); garantir na relação de confiança que aquela criança não tem de viver, arrumar ou comunicar sozinha – se for preciso ajudamos, vamos à frente, damos rede; aceitar e ajudar a aceitar que os pais vão ser estes, com o que têm feito de melhor e de pior; que quando estas crianças crescerem terão de ter o suficiente para olhar para trás e saber porque é que querem estar ou afastar-se, porque é que gostam ou não – e isso é diferente de as retirar de tudo e criar a memória do vazio.
Para o terapeuta abre-se um cansaço grande, é certo.
O esforço de não se deixar levar nas marés da história de cada um.
Nós vamos ter de recriar com aqueles filhos uma nova memória e história, da história real, sem arrancar páginas só porque são difíceis e sem criar falsas seguranças. Ajudá-los a descobrir que os recursos, no meio da tempestade, terão de estar e de ser deles. Nao são sempre coisas aprendidas e coladas à força. Antes de nos chegarem já sobreviveram a mais coisas, é só lembrar como o fizeram e como podem fazer com menos custos.

Se necessitar de mais informações sobre a Consulta do Divórcio do PIN, contacte ana.santos@pin.com.pt

Leia um artigo do Jornal “Público” de hoje sobre este tema aqui.