«Estrelas & Ouriços – Artigo opinião » A caminho do 1º ano… – Dra. Iolanda Tribuzi
A transição do jardim de infância para o primeiro ciclo do ensino básico é um momento marcante para as crianças e para as suas famílias. Esta transição requer planeamento e uma atenção particular, pois tem impacto nos diferentes contextos da vida da criança.
Hoje em dia sabe-se que uma integração positiva no 1.º ciclo do ensino básico não se prende tanto com fatores de sucesso puramente académico, mas sim com a capacidade de cada criança aprender a aprender. Competências de cooperação, autoconfiança e autorregulação tornam-se essenciais nesta nova etapa.
Não obstante, existem pré-requisitos que, quando desenvolvidos e estimulados, se constituem como bons preditores da aprendizagem formal da leitura, escrita e cálculo.
O desenvolvimento de atividades potenciadoras da linguagem oral e da literacia, com recurso a um vocabulário diverso e complexo fomenta o aumento do léxico da criança, tornando-o mais rico e diversificado. Para além disso, atividades de estimulação da consciência fonológica, conhecimento sobre o material impresso e de competências emergentes de escrita melhoram o desempenho das crianças bem como previnem dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita. Assim, brincar com as palavras, fazendo jogos de divisão silábica e contagem de sílabas ou explorar um livro com a criança são momentos de partilha importantes que se podem constituir como basilares na nova etapa.
Na área do cálculo, a vertente prática e concreta relaciona-se com o desenvolvimento da compreensão e aquisição de conceitos e procedimentos matemáticos. O sentido de número, isto é, a compreensão global e flexível dos números, das operações e suas relações, é a competência “chefe” para uma eficaz aprendizagem da matemática. Atividades como a contagem, a identificação e nomeação de números e associação número-quantidade afirmam-se essenciais nesta área.
Deste modo, para que esta transição ocorra de forma favorável e tranquila todos os intervenientes deverão proporcionar oportunidades para que a criança possa ir explorando as noções de leitura, escrita e cálculo, brincando e refletindo, de uma forma contextualizada, funcional, motivante e, portanto, significativa.
No caso de existirem dúvidas sobre as competências que a criança apresenta, deverá transmitir-se esta preocupação à educadora, perceber as áreas que se encontram mais fragilizadas face ao grupo e procurar uma avaliação multidisciplinar. Poderá ser necessário o acompanhamento técnico especializado que estimule alguma área mais fragilizada ou então, solicitar o adiamento na entrada para o 1.º ciclo. No caso do pedido de adiamento escolar, este deve ser requerido até 15 de maio do ano letivo imediatamente anterior àquele em que se irá requerer o adiamento. Para o efeito, os interessados devem apresentar requerimento acompanhado de parecer técnico fundamentado, o qual integra, obrigatoriamente, uma avaliação psicopedagógica da criança.
Iolanda Anunciação Tribuzi, Técnica Superior de Educação – Núcleo das Dificuldades de Aprendizagem Específicas