
PHDA como Perturbação do Desenvolvimento
PHDA como Perturbação do Desenvolvimento
Quando falamos de Perturbações do Desenvolvimento estamos a referirmo-nos a alterações no processo de desenvolvimento que se distanciam daquilo que é considerado normal para a idade, ou seja, das competências e características que são esperadas numa criança de uma determinada idade. Para além disso, estas alterações devem ter impacto na performance das crianças em algum nível. Pelo facto de o desenvolvimento ser um processo dinâmico e evolutivo, as manifestações dessas características alteram-se ao longo do tempo por influência da maturação de competências típicas a determinada etapa do desenvolvimento e alteram-se também por uma relação de interacção/influência de outras características da criança.
Atualmente fala-se muito do aumento do número de diagnósticos e da precocidade com que estes são formulados e confirmados. Normalmente coloca-se a conotação do excesso de diagnósticos na falta de cuidado por parte dos profissionais. Raramente se reflete sobre o impacto que a investigação tem na melhoria e aumento de informação sobre e para o diagnóstico assim como o maior investimento na formação dos profissionais por forma a melhorar as suas competências de avaliação e intervenção. Também as alterações socioculturais que se processaram ao longo dos tempos provocaram reestruturações no funcionamento da sociedade e da família que, tornando-se mais competitivo e exigente destacou o impacto que alguns comportamentos passaram a ter. Antigamente, mesmo que uma criança apresentasse certas vulnerabilidades biológicas, estas eram raramente identificadas ou sinalizadas, pela escassez de informação que suportasse um melhor entendimento do problema, ou ainda por as estruturas, rotinas e práticas dos diferentes contextos – familiar, escolar, social- atenuarem o seu impacto – maior liberdade de movimento (as crianças passavam muito mais tempo na rua e entre crianças), um dia a dia menos apressado (horários mais flexíveis e maior disponibilidade de pelo menos um membro da família) e uma exigência académica também menor. Assim, antigamente crianças que poderiam ter uma perturbação do desenvolvimento eram “apenas” apelidadas de desinteressadas, preguiçosas, burras e mal-educadas, que “dificilmente iriam ser alguém na vida”; assim passavam os anos, sem que ninguém fizesse nada, sem que houvesse respostas que pudessem quebrar o ciclo de insucesso.