Rotinas para famílias – Enquadramento – Dra. Daniela Nascimento

Durante esta semana vamos partilhar consigo algumas propostas de rotinas diárias para várias faixas etárias. Antes de o fazer a Drª Daniela Nascimento relembra:

“Antes de partilhar as propostas de rotina diária, é importante enquadrar, sempre de forma lógica e objetiva, ou seja sem explicações excessivas e pouco diretas, o que é este período de isolamento. Não corresponde a um período de férias pois as férias da Páscoa só têm início dentro de duas semanas pelo que não deve ser organizado e vivido como tal, logo, as crianças/jovens não podem ter a expectativa de ter as mesmas experiências que teriam num período de férias.

Muito pais têm de permanecer a trabalhar em casa pelo que organizar 𝘂𝗺 𝗽𝗹𝗮𝗻𝗼 𝗱𝗲 𝗿𝗼𝘁𝗶𝗻𝗮 𝘁𝗮𝗺𝗯é𝗺 𝘁𝗲𝗺 𝘃𝗮𝗻𝘁𝗮𝗴𝗲𝗻𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗼𝘀 𝗮𝗱𝘂𝗹𝘁𝗼𝘀 conseguirem ter alguns tempos para si e para as tarefas que não podem deixar de fazer.

Famílias com crianças/jovens com 𝙥𝙧𝙤𝙗𝙡𝙚𝙢𝙖𝙨 𝙙𝙚 𝙘𝙤𝙢𝙥𝙤𝙧𝙩𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙤𝙪 𝙤𝙪𝙩𝙧𝙖𝙨 𝙚𝙨𝙥𝙚𝙘𝙞𝙛𝙞𝙘𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚𝙨, beneficiam em muito de manter uma rotina organizada e previsível
com objetivos claros para cada momento do dia. Quanto mais claros são os limites, as alternativas e quanto mais 𝕡𝕣𝕖𝕧𝕚𝕤𝕚𝕧𝕖𝕝 for a rotina, mais organizador é para as crianças
que assim podem também manter-se mais reguladas.

A implementação da rotina pode ser exigente para os pais pois as crianças/jovens podem reagir a ter de se adaptarem a uma rotina que pode 𝗻ã𝗼 𝗰𝗼𝗶𝗻𝗰𝗶𝗱𝗶𝗿 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝘀𝘂𝗮 𝗲𝘅𝗽𝗲𝗰𝘁𝗮𝘁𝗶𝘃𝗮. Daí ser tão importante reenquadrar o significado deste período de tempo em casa, antes das férias da Páscoa. Depois desse enquadramento é que é proposta a rotina à qual algumas crianças e jovens podem reagir, sendo que a única forma de gerir esta reatividade, que pode ser muito emocional, é não flexibilizar a rotina proposta.

O plano de rotina 𝙥𝙤𝙙𝙚 𝙨𝙚𝙧 𝙘𝙤𝙣𝙨𝙩𝙧𝙪𝙞𝙙𝙤 𝙥𝙚𝙡𝙖𝙨 𝙘𝙧𝙞𝙖𝙣𝙘𝙖𝙨/𝙟𝙤𝙫𝙚𝙣𝙨 𝙦𝙪𝙚 𝙖 𝙥𝙤𝙙𝙚𝙢 𝙢𝙤𝙣𝙩𝙖𝙧 𝙘𝙤𝙢𝙤 𝙨𝙚 𝙙𝙚 𝙪𝙢 𝙥𝙪𝙯𝙯𝙡𝙚 𝙨𝙚 𝙩𝙧𝙖𝙩𝙖𝙨𝙨𝙚. Os pais fornecem um conjunto de situações possíveis (ex: TPC ou trabalho escolar, ler, desenhar, ajudar a cozinhar, brincadeira livre, ver filmes, etc), colocam limites claros (ex: a hora e duração do almoço e do jantar, a hora do banho e do deitar, o tempo diário para videojogos, etc) e permitem
que as crianças/jovens construam a sua rotina.

Em relação aos 𝒗𝒊𝒅𝒆𝒐𝒋𝒐𝒈𝒐𝒔, é importante clarificar que o tempo diário de jogo, não se altera mas é possível fazer outros jogos em família que permitem fazer quizzes, dançar,
etc.

Quando há mais que uma criança em casa, a 𝗴𝗲𝘀𝘁ã𝗼 𝗱𝗮 𝗶𝗻𝘁𝗲𝗿𝗮çã𝗼 𝗲𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗶𝗿𝗺ã𝗼𝘀 pode ser um desafio pelo que quando é este o caso, 𝙙𝙚𝙨𝙚𝙣𝙘𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖𝙧 𝙖𝙨 𝙧𝙤𝙩𝙞𝙣𝙖𝙨 𝙙𝙤𝙨 𝙞𝙧𝙢ã𝙤𝙨 pode ser muito importante e útil. Não é tarefa fácil e dependendo da dimensão da casa e do número de adultos que estão em casa, pode não ser possível. Ainda assim, se for possível pode contribuir para diminuir muito a frequência e intensidade dos conflitos que se pode gerar.

 

Para desencontrar a rotina dos irmãos, é necessário colocar essa informação no reenquadramento inicial que se faz do significado deste período de tempo em casa. Nesta altura, estariam na escola e não estariam juntos durante o horário das aulas ou que estariam na escola pelo que a rotina a adotar em casa deve manter esse registo.

Para isso, no 𝗯𝗹𝗼𝗰𝗼 𝗱𝗮 𝗺𝗮𝗻𝗵ã 𝗲 𝗱𝗮 𝘁𝗮𝗿𝗱𝗲 estarão em zonas distintas, dedicados a tarefas distintas, juntam-se ao almoço e trocam de zonas. Isto é especialmente importante para as crianças que ainda não têm facilidade em organizar-se autonomamente no seu espaço, como o quarto. Quando está mais que um adulto em casa, cada adulto pode monitorar uma das crianças e não ficarem dispersos e atentos a todas as crianças.

Dra. Daniela Nascimento